Hipotireoidismo: causas, sintomas e tratamento

Hipotireoidismo: causas, sintomas e tratamento

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Cerca de 1 em 50 mulheres, e cerca de 1 em cada 1.000 homens desenvolvem hipotireoidismo, em algum momento de sua vida.

O tratamento geralmente é fácil, é só tomar um comprimido por dia para substituir o hormônio faltante.

Na maioria das pessoas o tratamento funciona bem e os sintomas melhoraram totalmente.

O que é hipotireoidismo

Hipotireoidismo é o termo utilizado para descrever uma condição em que a glândula tireoide não produz hormônios tireoidianos suficientes.

É mais comum nas mulheres adultas, sendo maior o risco com a progressão da idade. No entanto, pode ocorrer em qualquer idade e pode afetar qualquer pessoa.

A glândula tireoide está localizada na parte da frente do pescoço.

Hipotireoidismo
Hipotireoidismo

Os hormônios da tireoide regulam o metabolismo e afetam quase todos os órgão do corpo, do coração ao cérebro, os músculos e a pele. Sem hormônios suficientes, muitas das funções do corpo ficam mais lentas.

Por esse motivo, o hipotireoidismo pode causar vários sintomas, sendo os mais comuns: cansaço, ganho de peso, constipação (prisão de ventre), pele seca, cabelos sem vida e sensação de frio.

A glândula tireoide

A tireoide é uma glândula em forma de borboleta, localizada na parte anterior pescoço.

Ela produz hormônios, chamados T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina), que agem regulando a função de órgãos e sistemas importantes como o coração, cérebro, músculo, pele e outros.

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Os hormônios tireoidianos interferem, também, no crescimento e desenvolvimento infantil, na regulação do ciclo menstrual, na fertilidade, na regulação da fome e, portanto, do peso, na memória; na concentração e no controle emocional.

Enfim, estes hormônios regulam o metabolismo do corpo humano.

A tireoide funciona como um acelerador do corpo: se produz muito hormônio, faz hipertireoidismo e acelera o metabolismo, se produz pouco hormônio, o nível baixo de tiroxinas faz hipotireoidismo e reduz o metabolismo corporal.

Glândula tireóide
Glândula tireoide

O funcionamento da tireoide é regulado por outra glândula, a hipófise.

A hipófise

A hipófise fica abaixo do cérebro e, para regular a tireoide, produz o hormônio TSH (hormônio estimulante de tireoide).

Hipófise e tireoide funcionam em harmonia em um mecanismo chamado feedback.

No feedback, a redução do nível de tiroxinas no sangue aumenta a produção de TSH o que faz com que a tireoide passe a ser estimulada e produza T3 e T4. E o aumento destes hormônios no sangue reduz a produção de TSH, o que diminui o estímulo da tireoide.

Quando a tiroide está com seu funcionamento normal, o corpo está em equilíbrio e harmonia.

O que causa o hipotireoidismo?

No mundo inteiro, a deficiência de iodo é a causa número um de hipotireoidismo.

Mas com o iodo adicionado ao sal, alimentos e água, praticamente esta causa foi eliminada nos países ocidentais. Nestes, a causa mais comum de hipotireoidismo é a tireoidite de Hashimoto, que é um hipotireoidismo primário.

Hipotireoidismo primário e secundário

O Hipotiroidismo pode ser causado por um problema na própria tireoide que trabalha mal, sendo chamado de hipotireoidismo primário), ou por um problema na hipófise que, por sua vez, não estimula a tireoide, no chamado hipotireoidismo secundário.

A diferenciação entre hipotireoidismo primário e secundário é feita através do verificação dos níveis de TSH e de T4 no sangue.

No hipotireoidismo primário, a tireoide não consegue produzir níveis adequados de T4 e a hipófise fica tentando intensamente estimular a tireoide, produzindo, assim, altos níveis de TSH. Logo, o TSH está elevado e o T4 baixo.

No hipotireoidismo secundário, a hipófise não estimula a tireoide que, assim, não trabalha. Neste caso, tanto TSH quanto T4 estão em níveis abaixo do normal.

A grande maioria dos casos, cerca de 95%, são de hipotireoidismo primário, sendo as principais causas  a tireoidite de Hashimoto, a remoção cirúrgica da tireoide (tireoidectomia) e a destruição da glândula por irradiação nos tratamentos de tumores.

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Fatores de risco  e causas para hipotireoidismo

Alguns fatores aumentam o risco de a pessoa ter hipotireoidismo. São estes:

  • História familiar de hipotireoidismo causado por tireoidite auto-imune;
  • Síndrome de Down: o hipotireoidismo desenvolve em 1 em cada 3 pessoas com síndrome de Down antes da idade de 25 anos. Os sintomas de hipotireoidismo podem ser de difícil percepção em pessoas com síndrome de Down. Por isso, alguns médicos recomendam que todas as pessoas com síndrome de Down façam exames de sangue anualmente para triagem de hipotireoidismo;
  • Síndrome de Turner: também uma doença por alteração cromossômica como a Síndrome de Down, em que é recomendado o exame de sangue anual para triagem de hipotireoidismo;
  • Apresentar glândula tireóide aumentada (bócio difuso);
  • História de doença de Graves (hipertireoidismo primário), ou tireoidite após o parto;
  • História pessoal ou familiar de outras doenças auto-imunes – como por exemplo: vitiligo, anemia perniciosa, doença de Addison, diabetes mellitus tipo 1 (leia sobre Diabetes Mellitus: causas, sintomas, tratamento e prevencão, insuficiência prematura do ovário, doença celíaca, síndrome de Sjögren;
  • Cirurgia ou tratamento radioativo para a glândula tireóide;
  • Efeito colateral de alguns medicamentos – por exemplo, amiodarona e lítio;
  • Algumas crianças nascem com uma hipoatividade da tireóide (hipotireoidismo congênito);
  • Doença na glândula hipófise. Se a hipófise não produz TSH, a tireóide não é estimulada a produzir tiroxina suficiente.
  • Como já dito, a tireoidite auto-imune de Hashimoto é a maior causa de hipotireodismo nos países do ocidente.

Tireoidite de Hashimoto ou Tireoidite auto-imune

“Tireoidite” é uma inflamação da glândula tireoide.

Tireoidite de Hashimoto, também chamada de tireoidite linfocítica crônica ou tireoidite auto-imune, é uma doença auto-imune.

Uma doença auto-imune é uma desordem na qual o sistema imunológico ataca as células do próprio corpo e órgãos.

Normalmente, o sistema imunológico protege o corpo contra infecções pela identificação e destruição de bactérias, vírus e outros agentes externos potencialmente prejudiciais.

Na doença de Hashimoto, o sistema imunológico ataca a glândula tireoide, ocasionando inflamação e interferindo com a sua capacidade de produzir hormônios tireoidianos.

Grandes números de glóbulos brancos, chamados linfócitos, se acumulam na tireoide. Linfócitos são as células que produzem anticorpos.

Numa fase inicial, a ação dos anticorpos na tiroide causa uma inflamação (irritação), que pode levar a uma maior liberação de hormônios, gerando um quadro de hipertiroidismo. Esses, então, pacientes vão evoluir com hipertireoidismo inicialmente, e, em fases tardias, vão desenvolver hipotireoidismo, que durará para sempre.

No intervalo entre a fase de hipertireoidismo inicial e a de hipotireoidismo tardio, a pessoa pode passar anos com a glândula tireoide trabalhando normalmente.

A causa não é conhecida.

Diagnóstico de hipotireoidismo

Como o hipotireoidismo é diagnosticado?

Um simples exame de sangue pode diagnosticar hipotireoidismo. Esse exame é a dosagem de TSH (hormônio estimulante da tireóide).

Para confirmar, também são dosados os níveis de T3 e T4.

TSH

Este hormônio é produzido pela glândula hipófise e estimula a glândula tireoide para fazer T3 e T4.

Se os níveis de T3 e T4 no sangue estão baixos, a hipófise libera mais TSH para tentar estimular a glândula tiróide a fazer mais hormônios.

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Assim, um nível elevado de TSH significa que a glândula tireoide é hipoativa e não está produzindo a quantidade suficiente de T3 e T4.

T3 e T4

Geralmente, a dosagem de T4 (no caso o T4 livre) já é suficiente para esta confirmação.

Um baixo nível de T4 livre confirma o diagnóstico de hipotireoidismo.

E quando o nível de TSH está elevado e o de T4 está normal?

Um nível de TSH elevado com um nível de T4 normal significa que a produção de T4 está suficiente, mas a glândula tireoide está precisando de estimulação extra de TSH para fazer a quantidade necessária de hormônio.

Nessa situação, há um risco aumentado de a pessoa desenvolver hipotireoidismo no futuro.

Neste caso, os exames devem ser repetidos periodicamente a fim de detectar o início do hipotireoidismo, quando a tireóide, mesmo com estimulação extra, já não consegue produzir hormônios em quantidade suficiente.

Outros testes não são geralmente necessários, a menos que outros problemas e causas tenham que ser verificados pelo médico assistente.

Anti-TPO (Anti-tireoperoxidase)

A tireoperoxidase (TPO)  é o principal autoantígeno tireoidiano, e o anticorpo contra a TPO (anti-TPO) está presente em 95% dos pacientes com doença tireoidiana autoimune, ou seja Tireoidite de Hashimoto, seja na sua fase de hipotireoidismo ou de hipertireoidismo.

A presença de Anti-TPO está relacionada a níveis mais elevados de TSH e desenvolvimento posterior de hipotireoidismo, apesar de não se poder prever em que fase da vida este poderá ocorrer.

Na gestação, em mulheres com alterações tireoidianas, é fator de risco para abortamento e prematuridade, independente dos níveis de TSH.

Embora presente no hipotireoidismo, a dosagem de Anti-TPO não é necessária para o diagnóstico da falência da tireoide.

Este exame está indicado na suspeita de Tireoidite de Hashimoto, na fase de hipotireoidismo, eutireoidismo (função normal) ou hipertireoidismo.

É o principal exame laboratorial que confirma Tireoidite de Hashimoto em 95% dos pacientes. É fator de risco para tireoidite pós-parto e quando positivo no início da gravidez tem sensibilidade e valor preditivo positivo (VPP) de 60% para tireoidite pós parto.

Se estiver associado a bócio ou doença tireoidiana na família, o VPP aumenta para mais de 80%.

Sua positividade também está associada a abortamento e prematuridade.

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Sinais e sintomas do hipotireoidismo

Basicamente, muitas funções do corpo desaceleram. Nem todos os sinais e sintomas se desenvolvem em todos os casos.

Unhas frágeis
Unhas frágeis

Os sinais e sintoma ocorrem por redução do metabolismo e geralmente incluem: fadiga, ganho de peso, constipação (prisão de ventre), dores no corpo, sensação de frio, cabelo sem vida ou mesmo queda de cabelo (ou alopecia), unhas frágeis, pele seca, retenção de líquidos (inchaço), lentidão mental, depressão, disfunção erétil nos homens, dentre outros, além de coma em casos graves.

O fato de engordar, então, é por redução do metabolismo que faz o corpo gastar menos energia.

Os sinais e sintomas menos comuns incluem: a voz rouca, irregularidade no ciclo menstrual, infertilidade, perda do desejo sexual, síndrome do túnel do carpo (que provoca dores e dormência na mão), e perda de memória ou confusão mental nos idosos.

No entanto, todas estas queixas podem ser causadas por outras doenças, e, por vezes, o diagnóstico não é óbvio.

Os sinais e sintomas geralmente se desenvolvem lentamente, tornando-se piores ao longo de meses ou anos, conforme o nível de tiroxina no corpo cai gradualmente.

hipotireoidismo subclínico

O hipotireoidismo subclínico é quando o paciente apresenta um TSH elevado, T4 livre normal e ausência de sintomas de hipotireoidismo.

Mais da metade dos pacientes com hipotireoidismo subclínico costuma desenvolver hipotireoidismo com sintomas em um período de 10 a 20 anos.

Complicações do hipotireoidismo

O hipotireoidismo não tratado leva ao risco aumentado de desenvolver doenças cardíacas. Isso ocorre porque um nível de tiroxina baixo faz com que os lipídios no sangue (colesterol, etc) fiquem elevados.

O hipotireoidismo não tratado também pode levar ao coma (mixedema), mas é uma complicação muito rara.

Na mulher grávida há um risco aumentado de desenvolvimento de algumas complicações como, por exemplo, pré-eclâmpsia, anemia, parto prematuro, baixo peso da criança ao nascimento, morte fetal e hemorragia grave após o nascimento.

O hipotireoidismo também pode causar dificuldade em engravidar, pois altera o ciclo menstrual, podendo causar infertilidade. E, se a mulher engravidar, o hipotireoidismo aumenta o risco de aborto espontâneo.

Nos homens, o hipotireoidismo pode causar infertilidade por alterar a morfologia dos espermatozoides.

Também nos homens,  o hipotireoidismo pode causar disfunção erétil (impotência sexual), diminuição da libido e dificuldade em ejacular.

Tratamento do hipotireoidismo

O tratamento é repor o hormônio não produzido pelo hormônio vendido na farmácia. É só tomar comprimidos de levotiroxina (análogo à tiroxina) todos os dias.

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O ideal é tomar o comprimido com o estômago vazio (antes do café da manhã), porque alguns alimentos ricos em cálcio ou ferro podem interferir com a absorção de levotiroxina a partir do intestino.

A maioria dos adultos precisa entre 50 e 150 microgramas por dia.

Geralmente se inicia com uma dose baixa, especialmente em pessoas com mais de 60 anos ou com problemas cardíacos, e então gradualmente a dose diária é aumentada.

O médico sabe se a dose está correta de acordo com o nível de TSH, verificado inicialmente a cada 2 ou 3 meses, que deve normalizar.

Quando atinge-se a dose diária correta, a avaliação do nível de TSH é realizada uma vez por ano.

A dose pode precisar de ajuste nos estágios iniciais da gravidez e nos idosos. Nestes, a dose de levotiroxina pode ser reduzida .

O tratamento normalmente é por toda a vida e o acompanhamento médico deve ser regular.

O tratamento do hipotireoidismo ajuda a controlar o colesterol alto.

Efeitos colaterais ou problemas no tratamento

Geralmente não acontecem efeitos colaterais já que os comprimidos de levotiroxina apenas substituem o hormônio natural do corpo.

A dose elevada de levotiroxina pode levar a sintomas de hipertireoidismo, como, por exemplo, palpitações, diarreia, irritabilidade e sudorese, além de aumentar o risco de desenvolver osteoporose.

A pessoa que tem angina e piora quando passa a pioram após o início do uso de levotiroxina deve informara ao seu médico assistente.

Outros medicamentos podem interferir com a ação da levotiroxina, como, por exemplo, warfarin, carbamazepina, suplementos de ferro, fenitoína e rifampicina, o que pode tornar necessário alterar a dose da levotiroxina.

Referências

O que É asma: causas, sintomas e tratamento