O câncer não-melanoma é o tipo de tumor maligno mais frequente no Brasil e corresponde a 30% de todos os tumores malignos registrados no país. Também é mais comum nas mulheres.
Quando se fala em câncer de pele, a referência principal é o melanoma.
Mas há outros tipos de tumores além do temido melanoma, que, embora malignos, não são tão letais como este.
O melanoma é o tipo mais grave de câncer de pele.
Estes tumores estão reunidos em um grupo chamado de câncer de pele não-melanoma.
O câncer de pele não-melanoma inclui tipos de tumores malignos que começam nas células escamosas ou da camada basal da epiderme, enquanto o melanoma surge dos melanócitos.
O câncer de pele não-melanoma geralmente se desenvolve em áreas do corpo que são regularmente expostas ao sol, como braços, colo, face, e nas mulheres, as pernas. Mas pode surgir mais em outras áreas também.
Qual é a diferença entre melanoma e câncer de pele não-melanoma?
O câncer de pele não melanoma se refere a qualquer câncer que se forma nas células basais, escamosas ou de Merkel da pele.
Melanoma é um câncer que se desenvolve nos melanócitos.
Melanócitos são as células que produzem melanina, o pigmento responsável pela cor da pele.
A pele
A pele é o maior órgão do corpo. Cobre todo o seu corpo e protege-o contra fatores nocivos do meio ambiente, como o sol, altas temperaturas e germes.
A pele controla a temperatura corporal, remove os resíduos do corpo através do suor e proporciona a sensação do tato.
É na pele que começa a produção de vitamina D pelo organismo.
Camadas da pele
A pele tem duas camadas: epiderme e derme.
Abaixo fica o tecido subcutâneo, onde estão os adipócitos que armazenam gordura.
Epiderme
A epiderme é a camada superior da pele, acima da derme.
A epiderme tem camadas diferenciadas, conforme o aspecto de suas células. O leito dessas camadas da epiderme é a camada basal com células mais arredondadas.
A célula principal da epiderme é o queratinócito, que faz a cobertura da pele. Também na epiderme estão os melanócitos.
Derme
A derme está localizada abaixo da epiderme.
Na derme estão vasos sanguíneos, vasos linfáticos e glândulas: as glândulas sebáceas e as sudoríparas.
Os pelos emergem da derme.
Sinais e sintomas de câncer de pele não-melanoma
A pessoa deve desconfiar de câncer de pele não-melanoma nos seguintes casos:
- Surgimento de nódulo de coloração rósea, avermelhada, branco perolado ou escura, de crescimento lento, porém progressivo;
- Lesão na pele de crescimento progressivo, que apresente coceira, sangramento, mas sem dor significativa;
- Qualquer ferida que não cicatrize em 4 semanas;
- Surgimento de escama na pele que engrosse progressivamente;
- Lesão rósea com borda elevada e parte central com crosta;
- Cicatriz com área branca, amarela ou cerosa, e bordas mal definidas;
- Mancha persistente, escamosa, vermelha, com bordas irregulares, que sangram facilmente;
- Lesão elevada com superfície áspera e depressão central.
Na dúvida, procure um dermatologista.
Tipos de câncer de pele não-melanoma
O câncer de pele pode formar-se em qualquer uma das células da pele.
Existem vários tipos de câncer de pele não-melanoma, mas os dois mais comuns são carcinoma basocelular, e carcinoma de células escamosa, também chamado de espinocelular.
Os outros tipos de câncer não-melanoma são muito raros e representam somente 1% do total.
Carcinoma basocelular
O carcinoma basocelular é um tipo de câncer que começa nas células da camada basal da epiderme.
É a forma mais comum de câncer de pele, correspondendo a mais de 70% das neoplasias malignas de pele.
Os carcinomas basocelulares crescem lentamente e geralmente não se espalham para outras partes do corpo.
A malignidade do carcinoma basocelular é local, avançando sobre a pele normal ao redor do tumor e ganhando tamanho cada vez maior.
Estes tipos de câncer são mais comuns em pessoas de meia-idade e idosos, e muitas vezes surgem no rosto, mas podem aparecer em qualquer parte.
O carcinoma basocelular pode variar consideravelmente na aparência, mas pode se parecer com:
- Uma lesão de pele elevada (pápula) com bordas peroladas, ou seja: brilhantes
- Uma mancha branca ou rosada
- Uma ferida aberta que não cicatriza
- Uma lesão parecida com uma cicatriz
- Um tumor que forma crosta, coceira, escorre ou sangra
Mas uma caraterística muito comum e que ajuda no diagnóstico é a presença de “telangiectasias arboriformes”, melhor explicando o que significa isso, são pequenos vasos sanguíneos que se ramificam como uma árvore.
O carcinoma basocelular raramente se espalha e geralmente é tratado com sucesso, mas a demora em tratar pode levar a complicações porque o crescimento deste na pele pode atingir estruturas vizinhas importantes.
Carcinoma de células escamosas
O carcinoma de células escamosas (ou carcinoma espinocelular) é um tipo de câncer que começa nas células escamosas da epiderme.
Os carcinomas de células escamosas geralmente crescem mais rapidamente do que os carcinomas basocelulares e podem raramente se espalhar para outras partes do corpo, mas este risco geralmente é restrito a pessoas com a imunidade muito baixa, como as que estão em uso de medicamentos imunossupressores depois de um transplante.
Pode também surgir de cicatrizes antigas ou feridas crônicas da pele em qualquer parte do corpo.
Como os carcinomas basocelulares, os carcinomas de células escamosas geralmente ocorrem em locais onde a pele foi mais exposta ao sol, mas também podem se desenvolver em locais protegidos, como os órgãos genitais e outras áreas do corpo que não são expostas à luz solar.
O carcinoma de células escamosas pode aparecer como:
- Uma mancha vermelha escamosa
- Uma lesão protuberante (pápula) com um centro com uma crosta dura e espessa
- Uma lesão muito parecida com uma verruga
- Um crescimento elevado com áreas de depressão
Doença de Bowen
A doença de Bowen é uma forma muito superficial de carcinoma de células escamosas, ou seja: um carcinoma espinocelular in situ.
O principal sinal é uma mancha vermelha e escamosa na pele.
Ele geralmente tem um crescimento muito lento, mas pode se aprofundar na pele, se não for tratado.
Causas do câncer de pele não-melanoma
A superexposição à luz ultravioleta (UV) é a principal causa do câncer de pele não melanoma.
A luz ultravioleta vem do sol, bem como de lâmpadas de bronzeamento artificial.
A luz solar contém três tipos de luz ultravioleta:
- Ultravioleta A (UVA)
- Ultravioleta B (UVB)
- Ultravioleta C (UVC)
A radiação UVC é filtrada pela atmosfera da Terra, na camada de ozônio, enquanto os dois primeiros ultrapassam esta camada.
Os raios UVA e os UVB danificam a pele, tornando mais provável o desenvolvimento de câncer de pele.
Fatores de risco
- Ter tido um câncer de pele anterior não-melanoma
- História familiar de câncer de pele
- Pele branca que queima facilmente e não bronzeia
- Tomar medicamento que suprime o sistema imunológico
- Ter uma condição médica coexistente que suprime o sistema imunológico
- Exposição a lâmpadas que emitem radiação ultravioleta, principalmente em camas de bronzeamento
- Exposição ao sol ao longo da vida, principalmente na juventude
No câncer de pele não-melanoma, o risco é na intensa exposição ao sol ao longo da vida (contínua); enquanto no melanoma, o risco é com períodos de exposição intermitentes e intensos.
História familiar
Na maioria dos casos, o câncer de pele não-melanoma não ocorre como uma herança familiar, porém há uma constituição corporal que, exposta aos fatores de risco, vão desenvolver a malignidade. A pessoa não herda o câncer, mas herda a mesma vulnerabilidade de seus familiares.
Para o carcinoma de células escamosas é em média 2 a 3 vezes maior do que a população geral.
Ter um histórico familiar de melanoma também aumenta o risco de desenvolver carcinoma basocelular.
Diagnóstico de câncer de pele não-melanoma
O dermatologista pode diagnosticar ou suspeitar de um câncer ao examinar a pele.
Em alguns casos poderá realizar uma biópsia para confirmar o diagnóstico.
Biópsia de pele
A biópsia é um procedimento em que parte da pele afetada é removida para que possa ser estudada ao microscópio.
O câncer de pele às vezes pode ser diagnosticado e tratado ao mesmo tempo, já que, quando o tumor não é muito grande, pode ser removido totalmente para enviar para exame histopatológico.
Tratamento
O tratamento do câncer de pele não-melanoma geralmente é bem-sucedido.
Pelo menos 9 em cada 10 (90%) casos são curados. Ao contrário da maioria dos outros tipos de câncer, há um risco menor de que o tumor se espalhe para outras partes do corpo.
O carcinoma basocelular geralmente não se espalha para outras partes do corpo.
Existe um pequeno risco de o carcinoma de células escamosas se espalhar para outras partes do corpo, geralmente em pessoas imunodeprimidas.
Tanto para o carcinoma basocelular quanto para o carcinoma espinocelular, às vezes pode haver dano cutâneo considerável se o tumor não for tratado.
A cirurgia é o principal tratamento para o câncer de pele não-melanoma.
Outros tratamentos para câncer de pele não-melanoma incluem crioterapia e medicamentos de uso tópico.
A radioterapia e uma forma de tratamento com luz chamada terapia fotodinâmica (PDT) também podem ser usados.
O tratamento usado dependerá do tipo, tamanho e localização do câncer de pele não-melanoma.
Vamos a eles:
Cirurgia
A excisão cirúrgica removerá o tumor com uma margem de tecido saudável circundante para garantir que o câncer seja removido.
Na maioria dos casos, a cirurgia é suficiente para curar o câncer de pele não-melanoma
Cirurgia micrográfica de Mohs
A cirurgia micrográfica de Mohs é uma forma especializada de cirurgia usada para tratar câncer de pele não-melanoma quando parece haver um alto risco de o câncer se espalhar ou retornar e quando o câncer está em uma área onde seria importante remover o mínimo de pele possível, como, por exemplo, no nariz ou perto dos olhos
Neste tipo de cirurgia, as bordas são verificadas por um médico patologista que analisa cada pedaço retirado, durante a cirurgia, e orienta o cirurgião em que ponto não há mais tumor, para garantir que todo o tumor foi completamente removido.
Isso minimiza a remoção de tecido saudável e também reduz as cicatrizes.
Curetagem e eletrocauterização
A curetagem e a eletrocauterização são técnicas semelhantes à excisão cirúrgica. Mas só é adequado em casos em que o câncer é muito pequeno.
Crioterapia
A crioterapia usa o tratamento pelo frio intenso para destruir o câncer. Às vezes, é usada para câncer de pele não-melanoma em seus estágios iniciais.
A crioterapia pode deixar uma pequena cicatriz branca na pele.
Medicamentos de uso tópico
Medicamentos de uso tópico também são usados para certos tipos de câncer de pele não-melanoma. Mas isso só é recomendado quando o tumor é muito superficial, como o carcinoma basocelular inicial e a doença de Bowen.
Existem dois tipos principais de Medicamentos de uso tópico:
- 5-Fluorouracil – uma quimioterapia local em creme
- Imiquimod – um estimulantes da imunidade (estimula o corpo a atacar as células malignas)
O medicamento é aplicado na área afetada por algumas semanas e afeta somente apenas a superfície da pele. Isso significa que não há efeitos colaterais associados a outras formas de quimioterapia, como vômitos ou queda de cabelo.
Como esses medicamentos têm o objetivo de destruir o tumor, nas áreas com células malignas, o medicamento produz ulcerações na pele que, quando cicatrizam nasce uma pele sem câncer.
Imiquimod é usado para tratar carcinomas basocelulares com diâmetro inferior a 2 cm e geralmente não no rosto. Também é usado para tratar ceratoses actínicas e doença de Bowen.
Terapia fotodinâmica
A terapia fotodinâmica é usada para tratar carcinoma basocelular, doença de Bowen e ceratoses actínicas.
Neste tratamento, a área do tumor recebe um creme que torna a pele sensível à luz.
Após a aplicação do creme, uma forte fonte de luz incide sobre a área afetada da pele e isso destrói o câncer.
A terapia fotodinâmica pode deixar cicatrizes, embora geralmente menor do que na cirurgia.
Radioterapia
A radioterapia também pode ser usada para destruir o câncer.
O nível de radiação é baixo e geralmente seguro.
A radioterapia é às vezes usada para tratar carcinomas basocelulares e de células escamosas se não é possível fazer a cirurgia ou se o câncer cobre uma grande área de pele.
A radioterapia também pode ser usada após a excisão cirúrgica para tentar prevenir o retorno do câncer.
Complicações
A chance de retorno do câncer de pele não-melanoma aumenta se o tumor anterior era grande e de alto grau (grave).
Em quem teve um câncer de pele não-melanoma, o risco de desenvolver outro no futuro é maior, porque esses tumores costumam ser múltiplos.
Prevenção do câncer de pele não-melanoma
A forma de prevenção é a mesma para o melanoma.
- Usar roupas adequadas, incluindo chapéu de abas largas e óculos de sol com proteção ultravioleta.
- Evitar a exposição ao sol entre às 10h e às 16h.
- Usar protetor solar com fator de proteção solar (FPS) de pelo menos 30 e alta proteção UVA (pelo menos 4 estrelas) nas áreas expostas (não somente no rosto), reaplicando a cada 2 horas, se exposto ao sol.
- Não usar câmaras de bronzeamento artificial. A intensidade dos raios UV pode ser mais forte do que a do sol no meio-dia.
Como a radiação UVA também traz dano à pele e ela atravessa as nuvens, o protetor solar também deve ser usado em dias nublados.
O uso de protetor solar FPS 30 com proteção UVA deve ser usado diariamente, não importando se dentro de casa ou em dia nublado.
Câncer, sol e vitamina D
O corpo precisa de vitamina D para ficar saudável.
Há 3 fontes de vitamina D: a produzida no corpo iniciada pela radiação solar na pele, a alimentação e a vendida na farmácia.
A quantidade de vitamina D na alimentação pode não ser suficiente, mas não procure o sol: a farmácia leva seu dinheiro e o sol… …a sua pele.
Use protetor solar e faça reposição alimentar e por suplemento de vitamina D comprado na farmácia para evitar câncer de pele, principalmente o melanoma maligno.