Os surtos de psoríase afetam não apenas a pele, mas também a saúde emocional e bem-estar geral da pessoa. Afetam a qualidade de vida!
A psoríase é uma doença comum
Milhões de pessoas no Brasil têm psoríase.
A psoríase pode começar em qualquer idade, mas a maioria dos diagnósticos ocorre na idade adulta, sendo a média de início entre 15 e 35 anos.
Homens e mulheres são afetados igualmente. E é muito mais comum em pessoas de pele clara.
Ter um membro da família com a doença aumenta o risco. No entanto, muitas pessoas com a doença não têm história familiar e algumas pessoas com histórico familiar não desenvolvem a doença.
Cerca de 15% das pessoas com psoríase receberão um diagnóstico de artrite psoriásica. Além disso, pessoas com psoríase são mais propensas a desenvolver condições como:
- Diabetes tipo 2
- Doença renal
- Doença cardíaca
- Pressão alta
A psoríase é contagiosa?
Não, a psoríase não é contagiosa.
Tocar em uma lesão de psoríase não transmite a doença.
O que é psoríase?
A psoríase é uma doença inflamatória crônica, autoimune, que causa uma aceleração da velocidade de renovação da pele. Porém a pele mais antiga não é logo descartada e fica como escamas aderidas à pele nova que é mais avermelhada.
A psoríase, então, é o resultado de um processo acelerado de produção da pele.
O ciclo de renovação normal é de 28 dias e cai para 13 dias nesta doença.
É um doença autoimune, pois é resultado de uma agressão das células de defesa, os anticorpos, ao próprio organismo.
Essa doença é comumente associada a várias outras condições, incluindo:
- Diabetes tipo 2
- Doença inflamatória intestinal
- Doença cardíaca
- Artrite psoriásica
O que causa a psoríase?
A causa exata não é totalmente compreendida.
Mesmo não se sabendo a causa, sabe-se que dois fatores estão envolvidos: a genética e o sistema imunológico.
Sistema imunológico
A psoríase é uma condição autoimune. Condições autoimunes são o resultado do corpo se atacar.
Acredita-se que células T, que são células de defesa do corpo, estejam envolvidas.
Em pessoas com psoríase, as células T atacam células saudáveis da pele e ativam outras respostas imunológicas.
Esse ataque equivocado causa um processo inflamatório e faz com que o processo de produção de células da pele fique acelerado.
A produção acelerada de células da pele faz com que novas células se desenvolvam muito rapidamente.
Essas células jovens são empurradas para a superfície da pele, onde se acumulam e formam as escamas.
A pele fica avermelhada sob as escamas devido ao processo inflamatório de base.
Genética
Algumas pessoas herdam genes que as tornam mais propensas a desenvolver psoríase.
Quem tem um familiar imediato com esta doença tem um risco maior de desenvolver psoríase. No entanto, a porcentagem de pessoas que uma predisposição genética e têm psoríase é pequena. Aproximadamente 2 a 3 % das pessoas com o gene desenvolvem a doença.
Fatores de risco para psoríase
Muitos fatores ambientais e de estilo de vida podem desencadear o desenvolvimento da psoríase ou o surgimento de novas crises.
Os gatilhos comuns são:
- Fumar
- Infecções
- Obesidade
- Trauma cutâneo, como cortes, picadas de insetos e queimaduras
- Estresse
- Exposição a temperaturas frias
- História familiar de psoríase
- Certos medicamentos, como lítio, medicamentos para pressão arterial e iodetos
- Ter HIV positivo
- Alcoolismo
Fumar não é apenas um gatilho. Pode também aumentar a gravidade da doença e a dificuldade em controlar a doença.
Pesquisas mostram que fumar pode causar um em cada cinco casos de psoríase e dobra o risco de desenvolver a doença. Isso pode ser devido aos efeitos da nicotina nas células da pele, inflamação da pele e seu sistema imunológico.
Embora alguns digam que alergias e certos alimentos podem desencadear crises de psoríase, essas alegações não têm comprovação científica.
Quais são os sintomas da psoríase?
Os sintomas e sinais diferem de pessoa para pessoa e dependem do tipo de psoríase.
As áreas afetadas podem ser tão pequenas quanto algumas escamas no couro cabeludo ou no cotovelo, ou cobrir a maior parte do corpo.
Os sintomas mais comuns incluem:
- Manchas vermelhas, elevadas e inflamadas da pele
- Escamas esbranquiçadas ou prateadas, às vezes formando placas sobre manchas vermelhas
- Pele seca que pode fissurar (rachar) e sangrar
- Dor ao redor de manchas
- Sensação de coceira e queimação em torno de manchas
- Unhas grossas
- Articulações dolorosas e inchadas
Nem toda pessoa experimentará todos esses sintomas.
As placas geralmente se desenvolvem nas articulações, tais cotovelos e joelhos. Eles podem se desenvolver em qualquer parte do corpo, incluindo:
- Couro cabeludo
- Cotovelos
- Joelhos
- Palmas das mãos e plantas dos pés
- Tronco
Tipos menos comuns de psoríase afetam as unhas, a boca e a área ao redor dos órgãos genitais.
A maioria das pessoas com psoríase passa por “ciclos” de sintomas, ou seja: fases em que a doença apresenta muitas lesões na pele e fases em a pele pode até ficar completamente sem lesões.
Mesmo sem lesões no corpo, nunca se poderá concluir que a doença está curada, apenas está sob controle.
Geralmente a piora do quadro está relacionada ao fator emocional.
No couro cabeludo, a psoríase pode ser confundida com dermatite seborreica (caspa).
Saiba reconhecer a diferença entre caspa e psoríase.
Quais são os diferentes tipos de psoríase?
Existem cinco tipos: psoríase em placas; psoríase gutata; psoríase pustulosa; psoríase invertida; e psoríase eritrodérmica.
Psoríase em placas
Este é a forma mais comum.
Estima-se que cerca de 80% das pessoas com a doença têm psoríase em placas.
Este tipo causa manchas vermelhas e inflamadas que cobrem áreas da pele.
Estas manchas são frequentemente cobertas com escamas prateadas ou esbranquiçadas.
Essas placas são comumente encontradas nos cotovelos, joelhos e couro cabeludo.
As placas no couro cabeludo podem ser confundidas com dermatite seborreica. Conheça as diferenças entre caspa e psoríase.
Psoríase gutata
Este tipo é mais comum na infância e na adolescência.
Esta forma provoca pequenas manchas cor de rosa, quase que arredondadas como uma “gota”. Por isso o nome gutata.
Os locais mais comuns incluem o tronco, os braços e as pernas.
Essas manchas raramente são espessas ou aumentadas como a psoríase em placas.
Psoríase pustulosa
Esta forma é mais comum em adultos.
Este tipo causa bolhas brancas e cheias de pus e áreas amplas de pele vermelha e inflamada.
A psoríase pustulosa é tipicamente localizada em áreas menores do corpo, como as mãos ou pés, mas pode ser generalizada.
Um detalhe importante é que a presença de pus não significa que é uma infecção, pois essa secreção não contém bactérias.
Psoríase invertida
Esta condição causa áreas brilhantes de pele vermelha, brilhante e inflamada.
Manchas de psoríase inversa se desenvolvem sob axilas ou seios, na virilha ou em torno de dobras cutâneas nos genitais.
Este tipo é chamada de “invertida” porque as áreas afetadas são inversas às áreas comuns da psoríase em placas.
Psoríase eritrodérmica
A forma eritrodérmica é um tipo grave e muito raro de psoríase. Essa apresentação geralmente cobre grandes seções do corpo de uma só vez.
A pele fica quase toda avermelhada e descamativa. As escamas que se desenvolvem geralmente se desfazem em grandes seções ou folhas.
Não é incomum que uma pessoa nesta condição tenha febre ou fique muito doente.
Este tipo pode ser fatal, por isso as pessoas devem consultar um médico imediatamente.
A forma eritrodérmica pode ser a primeira apresentação da doença ou pode ser causada pelo efeito rebote do uso de corticóides injetáveis por uma pessoa que já tem a doença.
Diagnóstico
Dois exames podem ser necessários: exame físico e biópsia de pele.
Exame físico
A maioria dos médicos consegue fazer um diagnóstico com um simples exame físico.
Os sintomas e sinais são geralmente evidentes e fáceis de distinguir de outras condições que podem causar sintomas semelhantes.
Biópsia
Se os sintomas não forem claros ou se o seu médico quiser confirmar o diagnóstico suspeito, ele pode fazer uma biópsia da pele.
A amostra da pele será enviada para um laboratório, onde será examinada ao microscópio por um médico patologista.
O exame pode confirmar o diagnóstico de psoríase ou pode sugerir a condição. Como pode também descartar esse diagnóstico e indicar outro problema.
A maioria das biópsias é feita no consultório.
Psoríase e artrite
O Colégio Americano de Reumatologia (ACR) estima que 15% das pessoas com psoríase desenvolverão artrite psoriásica.
Este tipo de artrite provoca inchaço, dor e inflamação nas articulações afetadas.
É comumente confundido com artrite reumatoide ou gota.
A presença de áreas vermelhas inflamadas da pele com placas geralmente distingue este tipo de artrite de outras.
A artrite psoriásica é uma condição crônica.
Como a psoríase, os sintomas da artrite psoriásica podem ir e vir, alternando entre crises e remissão.
A artrite psoriásica também pode ser contínua, com sintomas e problemas constantes.
Essa condição geralmente afeta as articulações dos dedos das mãos ou dos pés.
Também pode afetar a parte inferior das costas, pulsos, joelhos ou tornozelos.
A maioria das pessoas que desenvolvem artrite psoriásica tem psoríase. No entanto, é possível desenvolver a condição articular sem ter a doença.
A maioria das pessoas que recebe um diagnóstico de artrite sem ter psoríase tem um membro da família que tem a condição da pele.
Os tratamentos para a artrite psoriásica podem aliviar com sucesso os sintomas, aliviar a dor e melhorar a mobilidade articular.
Assim como a psoríase, perder peso, manter uma dieta saudável e evitar desencadeantes também podem ajudar a reduzir os surtos de artrite psoriásica.
Um diagnóstico precoce e plano de tratamento podem reduzir a probabilidade de complicações graves, incluindo danos nas articulações.
Unhas e psoríase
Cerca de metade das pessoas com psoríase e cerca de 80% das pessoas com artrite psoriásica desenvolvem alterações nas unhas.
Não se sabe por que isso acontece.
Em casos raros, as unhas são a única parte do corpo que mostra sinais da doença.
Em muitos casos as alterações nas unhas podem confundir o aspecto de uma micose de unha, retardando o diagnóstico de psoríase ungueal.
Tratamento
A psoríase é uma doença crônica que não tem cura, mas tem controle
Então, o tratamento dessa doença visa ao controle que tem dois grandes objetivos:
- A melhora das lesões da pele
- A melhora da qualidade de vida do paciente.
A escolha e a duração do tratamento dependem da gravidade da psoríase.
Nos últimos anos, novos tratamentos para combater a psoríase chegaram ao mercado com consequente melhora na vida dos pacientes.
Opções de tratamento para psoríase
Os tratamentos visam reduzir a inflamação e as escamas, retardar o crescimento das células da pele e remover as placas.
Tratamentos de psoríase caem em três categorias:
Tratamentos tópicos
Cremes e pomadas aplicadas diretamente na pele podem ser úteis para reduzir a psoríase leve a moderada.
Os tratamentos tópicos de psoríase incluem:
- Corticosteroides tópicos
- Retinoides tópicos
- Antralina
- Calcipotriol (um análogo da vitamina D)
- Ácido salicílico
Além dos medicamentos, uso de cremes hidratantes é fundamental.
O médico pode preferir uma combinação destes medicamentos ou prescrevê-los isoladamente.
Os corticosteroides funcionam bem para conter as inflamações, mas não podem ser tomados sem supervisão médica, pelo risco de efeitos colaterais e devido a criar a dependência ao medicamento, o que dificulta o controle no longo prazo.
Medicações sistêmicas (via oral ou injetável)
Pessoas com psoríase moderada a grave e aquelas que não responderam bem a outros tipos de tratamento, podem precisar usar medicamentos orais ou injetáveis.
Muitos desses medicamentos têm efeitos colaterais graves.
Os médicos geralmente os prescrevem por curtos períodos de tempo.
Estes medicamentos incluem:
- Biológicos
- Acitretina
- Ciclosporina
- Metotrexate
Biológicos
Esta classe de medicamentos altera o sistema imunológico e previne as interações entre o sistema imunológico e as vias inflamatórias.
Os biológicos são injetáveis, em sua maioria.
Etanercepte, adalimumabe, infliximabe, alefacepte, ustequinumabe, secuquinumabe ou ixekizumabe são os agentes biológicos usados.
O apremilaste é outra opção e é tomado por via oral.
Em 30 de outubro de 2018, a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde (SCTIE) tornou pública a decisão pela incorporação dos seguintes medicamentos biológicos para psoríase no âmbito do SUS:
- Adalimumabe, como primeira opção de tratamento;
- Secuquinumabe e ustequinumabe na falha o adalimumabe; e
- Etarnecepte para pacientes pediátricos, que falharam, tenham contraindicação ou intolerância à terapia tradicional.
Acitretina
A acitretina reduz a produção de células da pele.
Os efeitos colaterais incluem perda de cabelo reversível e ressecamento da pele, principalmente dos lábios.
Também podem ocorrer danos ao fígado e elevação dos níveis de colesterol.
Mulheres grávidas ou com possibilidade de engravidar nos próximos três anos não devem tomar acitretina devido ao risco defeitos congênitos.
Ciclosporina
A ciclosporina é um imunossupressor, isto é, impede a resposta do sistema imunológico.
Isso pode aliviar os sintomas da psoríase.
Os efeitos colaterais incluem problemas renais e pressão alta.
Além do risco de infecções oportunistas, devido à baixa da resposta imunológica.
Metotrexate
Como a ciclosporina, o metotrexate suprime o sistema imunológico.
Este medicamento pode causar menos efeitos colaterais quando usado em doses baixas.
O metotrexate pode causar sérios efeitos colaterais a longo prazo.
Os efeitos secundários graves incluem danos no fígado e redução da produção de glóbulos vermelhos e brancos.
Fototerapia (Terapia de luz)
Este tratamento de psoríase utiliza radiação ultravioleta (UV)
Essa radiação UV pode ser produzida por um equipamento ou ser natural (do Sol).
A radiação UV neutraliza os glóbulos brancos superativos que atacam as células saudáveis da pele e causam o rápido crescimento celular.
Ambas as luzes UVA e UVB podem ser úteis na redução dos sintomas de psoríase leve a moderada.
Hábitos saudáveis para controlar a psoríase
A comida não pode curar ou mesmo tratar a psoríase, mas comer melhor pode reduzir seus sintomas.
Essas mudanças no estilo de vida podem ajudar a aliviar os sintomas da psoríase e reduzir os surtos:
Perder peso
Se a pessoa está acima do peso, perder peso pode reduzir a gravidade da condição.
Perder peso também pode tornar os tratamentos mais eficazes.
Não está claro como o peso interage com a psoríase, portanto, mesmo que os sintomas permaneçam inalterados, a perda de peso ainda é boa para a saúde geral.
Ter uma alimentação saudável para o coração
A pessoa deve reduzir a ingestão de gorduras saturadas.
Estas são encontradas em produtos de origem animal, como carnes e laticínios.
Aumentar a ingestão de proteínas magras que contêm ácidos graxos ômega-3, como salmão, sardinha e camarão ajuda na proteção das células.
Fontes vegetais de ômega-3 incluem nozes, sementes de linho e soja.
Evitar alimentos desencadeantes
A psoríase provoca inflamação.
Certos alimentos causam inflamação também.
Evitar esses alimentos pode melhorar os sintomas:
- Carne vermelha
- Açúcar refinado
- Alimentos processados
- Lacticínios
Ingerir menos álcool
O consumo de álcool pode aumentar os riscos de um surto.
Deve-se reduzir ou parar completamente o consumo para ter melhor controle da psoríase.
Reduzir o Estresse
O estresse é um gatilho bem estabelecido para a psoríase.
Aprender a gerenciar e lidar com o estresse pode ajudar a reduzir os surtos e a aliviar os sintomas.
Saúde emocional
Pessoas com psoríase são mais propensas a ter problemas de depressão e auto-estima.
Todas essas questões emocionais são válidas. É importante lidar com elas.
Isso pode incluir falar com um psicólogo ou um psiquiatra ou ingressar em um grupo para pessoas com psoríase.