Cerca de 90% da população mundial adulta sofre de intolerância a lactose e, no Brasil, esse percentual chega a atingir 40% da população.
Intolerância à lactose é a incapacidade do sistema digestivo em digerir a lactose, que é um açúcar principalmente encontrado no leite.
A lactose não digerida, ao passar pelo intestino, pode dar sintomas desagradáveis, tais como inchaço, diarreia e cólicas.
É um problema bastante comum e, infelizmente, não há tratamento que possa curá-lo. No entanto, a pessoa geralmente pode controlar os sintomas tomando cuidado com o que come e bebe.
Sobre a intolerância à lactose
A lactose é um açúcar encontrado no leite e outros produtos lácteos.
O intestino delgado produz uma enzima chamada lactase que “quebra” a lactose em dois açúcares mais simples – glicose e galactose.
Diferente da lactose, glicose e galactose são absorvidos pela parde do intestino e chegam na corrente sanguínea.
Se o intestino não produz lactase suficiente, a pessoa pode desenvolver sintomas de intolerância à lactose depois de comer ou beber leite e outros produtos lácteos.
A lactose não absorvida sofre ação de bactérias no intestino, que a utilizam para formar gás e outros subprodutos
A lactose também torna o conteúdo intestinal mais líquido.
A intolerância à lactose geralmente afeta crianças e adultos mais velhos porque o nível de lactase começa a diminuir naturalmente à medida que se envelhece.
Estatísticas internacionais mostram que cerca de cinco em cada 100 pessoas têm intolerância à lactose, sendo mais comum na América do Sul, África e Ásia.
Causas
Existem quatro tipos principais de deficiência de lactase:
Deficiência primária de lactase
É a causa mais comum de intolerância à lactose.
Acontece quando a quantidade de lactase produzida no intestino cai ao longo do tempo, geralmente a partir da idade de dois anos.
Geralmente há um risco hereditário, familiar.
Deficiência secundária de lactase
É quando o revestimento do intestino torna-se danificado por uma condição específica, como gastroenterite ou doença celíaca, por exemplo..
Geralmente, é temporária, se a causa for temporária.
Deficiência de lactase congênita
É quando um bebê nasce com a condição.
É muito raro e também hereditário.
Deficiência de lactase no desenvolvimento
Isso pode acontecer em bebês que nasceram prematuramente.
Geralmente só dura pouco tempo após o nascimento do bebê.
Sintomas
Os sintomas da intolerância geralmente ocorrem entre 20 minutos e 2 horas depois de comer ou beber algo que contém lactose.
Os sintomas podem incluir:
- Sentir-se inchado
- Dor ou cólicas na barriga (abdome)
- Diarréia
- Gases (flatulência)
- Mal estar
- Dor de cabeça
Os sintomas podem variar de leve a grave, dependendo da quantidade de lactose que consumida e também do nível de tolerância individual.
Estes sintomas podem ser causados por outros problemas além da intolerância à lactose, incluindo gastroenterite, síndrome do intestino irritável e doença celíaca.
Diagnóstico
Um diário dos sintomas e a alimentação no dia-a-dia é muito importante para avaliar se há esta relação.
A remoção completa de alimentos e bebidas contendo lactose por um período experimental de duas semanas, com a consequente melhora dos sintomas e a retomada da alimentação com lactose e o retorno dos sintomas é indicativo para o diagnóstico.
Outros testes geralmente não são necessários para diagnosticar intolerância à lactose. Mas, se ainda houver dúvida, pode-se fazer os seguintes exames:
- Medida indireta da capacidade de digestão de lactose: é um teste oral, no qual o paciente ingere uma quantidade determinada de um líquido com lactose e a glicemia (quantidade de glicose no sangue) é dosada antes e depois da ingesta. A pessoa capaz de digerir a lactose apresenta um aumento de 20 mg/dL na glicemia.
- Medida de hidrogênio no ar expirado após a sobrecarga oral: Após ingesta de lactose, a fermentação da lactose pelas bactérias do intestino produz gases que contêm hidrogênio, que é absorvido no intestino e parcialmente eliminado pelos pulmões. A detecção de muito hidrogênio exalado na respiração pode indicar intolerância à lactose.
- Dosagem de lactase na mucosa duodenal, em fragmento colhido por endoscopia: este exame tem sensibilidade de 95% e especificidade de 100%, porém é um exame invasivo. Pode ser recomendado se, ainda assim, o diagnóstico for incerto e os sintomas continuarem.
Tratamento
Não existe uma cura para a intolerância à lactose.
Geralmente pode-se controlar os sintomas fazendo mudanças na dieta.
Algumas pessoas só precisam reduzir a quantidade de lactose consumida, outros podem precisar evitá-la completamente.
Algumas dicas para o controle
- Alguns queijos, como Cheddar, Edam e Parmesão, apenas contêm uma pequena quantidade de lactose.
- Também o iogurte contém pouca lactose e talvez possa ser consumido sem problemas.
- Se a intolerância é completa ou a pessoa não resiste àquele pudim de leite condensado, há preparações da enzima lactase à venda em sachês ou cápsulas para tomar junto com o alimento com lactose.
- Cuidado com a lactose em alguns alimentos que a pessoa acredita não ter, como pão, cereais e algumas refeições prontas.
- Verifique os ingredientes – o rótulo deve dizer se um produto contém lactose.
- Existe, no mercado, leite e outros produtos com zero lactose.
- É importante lembrar que o leite de cabras e ovelhas contém lactose e, portanto, não são alternativas adequadas ao leite de vaca.
- Alguns medicamentos podem conter lactose. Leia sempre o folheto informativo do paciente que vem com o medicamento e pergunte ao seu farmacêutico se você tiver alguma dúvida.
- Se a pessoa não pode comer alimentos lácteos, pode não estar obtendo cálcio suficiente na dieta. Os produtos não lácteos que contêm cálcio incluem vegetais de folhas verdes, soja, tofu e sardinha.
A intolerância à lactose é a mesma que uma alergia ao leite?
Não. Na intolerância à lactose, o corpo não pode digerir um açúcar no leite chamado lactose e na alergia ao leite, a pessoa é alérgica a algumas das proteínas encontradas no leite.
A intolerância à lactose tende a afetar crianças e adultos mais velhos, enquanto a alergia ao leite é muito mais comum em bebês e crianças pequenas.
A intolerância à lactose e a alergia ao leite podem ser confundidas porque os sintomas de ambos ocorrem após comer ou beber produtos lácteos.
A intolerância à lactose pode causar sintomas, como diarreia e inchaço na barriga e não uma reação alérgica, como na alergia ao leite.
Na alergia, as crianças geralmente começam a ter sintomas nos primeiros meses, e quase sempre até o final do primeiro ano.
Depois do primeiro ano de vida, a maioria das crianças crescem sem alergia ao leite até a idade de cinco anos, por isso é incomum que as crianças mais velhas e os adultos a tenham.
A alergia ao leite
Os sintomas da alergia ao leite geralmente começam dentro de uma semana após o bebê iniciar no leite de vaca, embora, em alguns caso, possam começar após muitas semanas.
Os sintomas geralmente são leves, mas podem ser graves.
Eles podem incluir vômitos, diarreia e erupção cutânea (manchas na pele).
Muito raramente, um bebê com alergia ao leite pode ter uma reação grave chamada anafilaxia, com dificuldade para respirar, o que é uma emergência.
Leia sobre alergia ao leite e a outros alimentos.