A candidíase vaginal
Também chamada de candidíase vulvovaginal ou monilíase vaginal, é uma infecção fúngica que causa irritação, corrimento e coceira intensa na vagina e na vulva – o tecido na abertura vaginal.
Esta infecção afeta até 3 em cada 4 mulheres em algum momento de suas vidas, sendo que muitas mulheres experimentam pelo menos dois episódios.
A candidíase vaginal não é considerada uma infecção sexualmente transmissível, como é o herpes genital.
Vulva e vagina: qual a diferença?
Em termos simples, vulva é a região externa do órgão genital feminino.
Na vulva ficam localizados os pequenos e grandes lábios (que geralmente têm pelos), o clitoris, a uretra (canal que sai a urina) e a abertura da vagina.
A vagina é o canal que faz a ligação entre a vulva e o colo do útero e que recebe o pênis durante a relação sexual heterossexual.
A vagina é a parte interna do órgão genital, juntamente com o o útero, as trompas de Falópio e os ovários.
Sintomas da candidíase vulvovaginal
Os sintomas podem variar de leves a moderados e incluem:
- Coceira (prurido) e irritação na vagina e na vulva
- Corrimento vaginal espesso, branco e sem odor, com aparência de leite coalhado
- Sensação de queimação, especialmente durante a relação sexual ou ao urinar
- Vermelhidão e inchaço da vulva
- Dor vaginal
Sintomas na infecção complicada
A candidíase apresenta-se complicada ou pode se complicar se:
- Há sinais e sintomas graves, como vermelhidão extensa, inchaço e coceira extrema, rachaduras ou feridas
- A pessoa tem quatro ou mais infecções por fungos em um ano
- A infecção é causada por outra levedura que não a Candida albicans
- A mulher está grávida
- A mulher tem diabetes não controlada
- O sistema imunológico está enfraquecido por causa de certos medicamentos ou condições, como infecção por HIV
Diagnóstico
Os sintomas da vulvovaginite pela Candida podem ser semelhantes à outras causas de infecção ginecológica, como a tricomoníase e a vaginose bacteriana.
Menos de 50% das mulheres têm candidíase. A maioria apresenta outras causas de infecção ginecológica.
O ginecologista pode concluir o diagnóstico, considerado a soma da queixa de coceira vaginal com o corrimento de aspecto branco leitoso.
No caso de dúvida no diagnóstico da candidíase vulvovaginal, poderá ser coletado uma amostra do corrimento e enviado ao laboratório para identificar o agente causador.
Causas da candidíase vaginal
O fungo Candida albicans é o responsável pela maioria das infecções fúngicas vaginais.
Este tipo de fungo é uma levedura e também pode fazer infecção na pele, como o intertrigo e a monilíase oral, também conhecida como “sapinho”.
A vagina contém naturalmente uma mistura equilibrada de leveduras, incluindo candida, e bactérias.
Certas bactérias (lactobacillus) atuam para impedir o crescimento excessivo de leveduras.
Mas, se esse equilíbrio for interrompido, um crescimento excessivo de candida causará a infecção.
Candida albicans é o tipo mais comum de levedura que causa candidíase vulvovaginal, mas não é o único.
As infecções por leveduras causadas por outros tipos de Candida podem ser mais difíceis de tratar e geralmente precisam de terapias mais agressivas.
Fatores de risco
Fatores que aumentam o risco de desenvolver uma infecção por fungos incluem:
- Uso de antibióticos. Infecções por leveduras são comuns em mulheres que tomam antibióticos. Antibióticos de amplo espectro, que matam uma variedade de bactérias, também matam bactérias saudáveis na vagina, levando ao crescimento excessivo de leveduras.
- Níveis aumentados de estrogênio. Infecções fúngicas são mais comuns em mulheres com níveis mais altos de estrogênio – como mulheres grávidas ou mulheres que tomam pílulas anticoncepcionais de alta dose ou terapia hormonal com estrogênio.
- Diabetes não controlado. Mulheres com açúcar no sangue mal controlado correm maior risco de infecções fúngicas do que mulheres com açúcar no sangue bem controlado.
- Sistema imunológico comprometido. Mulheres com imunidade deprimida – como terapia com corticosteroides ou infecção pelo HIV – têm maior probabilidade de contrair infecções fúngicas.
Esses fatores favorecem o crescimento excessivo de leveduras, que podem fazer a infecção.
Candidíase vaginal na gravidez
A candidíase na gravidez é uma situação muito comum, porque os níveis de estrogênio ficam mais elevados durante este período, o que favorece o crescimento de fungos, especialmente da Candida Albicans.
Esta situação não traz perigo para o feto. E, se o bebê nascer de parto normal e a mulher estiver com candidíase, é possível que a criança apresente alguns sinais da doença nos seus primeiros dias de vida, como algumas feridinhas brancas dentro da boca – o chamado “sapinho”.
Prevenção da candidíase vulvovaginal
Para reduzir o risco de infecções vaginais por leveduras, use roupas íntimas de tecidos que “deixem o corpo respirar”, como algodão, e que não fiquem apertadas.
Também deve-se evitar:
- Meia-calça justa
- Ducha higiênica, que remove algumas bactérias normais protetoras da vagina
- Produtos femininos perfumados, incluindo banho de espuma, almofadas e tampões
- Banheiras de hidromassagem e banhos muito quentes
- Uso desnecessário de antibióticos, como para resfriados ou outras infecções virais
- Ficar com roupas molhadas, como trajes de banho e roupas de ginástica, por longos períodos de tempo
- Estresse
Diagnóstico
Para diagnosticar a candidíase, os sinais e sintomas são característicos e geralmente não é necessário um exame laboratorial. Basta o exame clínico.
Coleta de material vaginal para exame laboratorial poderá ser feito se o médico tiver que determinar o tipo de levedura que está causando a candidíase.
A identificação do fungo pode ajudar o médico a prescrever um tratamento mais eficaz para infecções recorrentes por leveduras.
Tratamento
O tratamento para candidíase depende da gravidade e frequência das infecções.
Para sintomas leves a moderados e episódios pouco frequentes, o tratamento pode ser oral ou local:
- Terapia vaginal de curta duração. Tomar um medicamento antifúngico por três a sete dias geralmente elimina a candidíase. Os medicamentos antifúngicos – disponíveis como cremes, pomadas, comprimidos e supositórios – incluem miconazol e fenticonazol.
- Medicação oral de dose única. Uma dose oral única de fluconazol 150mg geralmente é suficiente. Mas não é recomendada na mulher grávida. Para gerenciar sintomas mais graves, pode-se tomar duas doses únicas com três dias de intervalo.
Se os sintomas forem graves ou as infecções fúngicas forem frequentes o tratamento deverá ser específico para o caso.
Candidíase vaginal de repetição
Mais de quatro episódios de candidíase por ano caracteriza um infecção recorrente.
Cerca de 5% das mulheres têm candidíase vaginal de repetição.
A falta de eficácia no tratamento de uma candidíase anterior permite que a mesma cepa de candidíase volte a crescer após algum tempo.
A falta de eficácia no tratamento pode ser porque a mulher é geneticamente mais susceptível à infecção pela Candida albicans e tem um sistema de defesa da região vaginal mais frágil.
Raramente, a volta da infecção é causada por uma cepa diferente de Candida albicans.