AVC isquêmico e hemorrágico

AVC ou derrame: tudo o que você deve saber

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Um derrame (AVC) é uma emergência médica e o tratamento imediato é fundamental. A ação precoce pode reduzir os danos cerebrais e outras complicações.

O que é um acidente vascular cerebral ou derrame? Qual a diferença entre o AVC e o derrame?

Os termos “AVC” e “derrame” são sinônimos, ou seja: não há diferença, embora a palavra “derrame” possa sugerir “sangramento”, vemos as pessoas falarem “derrame” para qualquer tipo de AVC. Então, derrame é um termo leigo para AVC que é a sigla para acidente vascular cerebral.

Outra sigla também utilizada pelos médicos é “AVE” que é a sigla para acidente vascular encefálico. AVE é uma forma mais correta, posto que outra região dentro da cabeça (encéfalo), além do cérebro, pode ser afetada. Mas aqui vamos usar o termos AVC e derrame.

Um AVC ou derrame ocorre quando a circulação de sangue a uma parte do cérebro é interrompida, impedindo que o tecido cerebral receba oxigênio.

Esta interrupção de fluxo sanguíneo pode ser por rompimento de uma artéria e consequente sangramento ou, mais comumente, quando um bloqueio, isto é, um trombo (coágulo),  ocorre dentro do vaso arterial, com consequente isquemia (ausência de fluxo sanguíneo sem sangramento).

Sem tratamento, as células no cérebro rapidamente começam a morrer. O resultado pode ser grave incapacidade ou morte.

Quais são os tipos de AVC?

Basicamente, existem três tipos de AVC: AVC hemorrágico, AVC isquêmico e ataque isquêmico transitório (AIT).

O AVC hemorrágico acontece quando uma artéria se rompe e esse rompimento diminui a quantidade de sangue que passa por esse vaso.

O AVC isquêmico ocorre quando um trombo, que é um coágulo sanguíneo, entope a artéria, interrompendo a circulação de sangue.

O ataque isquêmico transitório (AIT) é uma interrupção do fluxo de sangue pelo vaso, mas cujos sintomas desaparecem espontaneamente em até 24 horas, não deixando sequelas.

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Avc – acidente vascular cerebral ou derrame: o que você deve saber

Qual o tipo de AVC mais comum?

O tipo mais comum de derrame é o isquêmico. Quase nove em cada 10 casos.

O AVC hemorrágico ocorre em 10% a 15% dos pacientes.

Qual o tipo de AVC mais grave?

Os casos de AVC hemorrágico costumam ser mais graves, pois o rompimento da artéria, além de diminuir a quantidade de sangue que passa por esse vaso, tem a hemorragia.

O sangue extravasado na hemorragia forma um coágulo que passa a ocupar um espaço que não existia, o que empurra as estruturas vizinhas. Como o cérebro e as outras estruturas dentro da cabeça estão em uma caixa fechada, que é o crânio, o coágulo também danifica os tecidos pela compressão, o que é conhecido por “efeito de massa”.

Mas considerar que o AVC hemorrágico costuma ser mais grave não que dizer que o AVC isquêmico possa não ser grave. A gravidade de um AVC, hemorrágico ou isquêmico, depende da sua extensão. O edema (inchaço) dos tecidos vizinhos a uma área isquêmica também pode empurrar as estruturas próximas, causando o mesmo “efeito de massa” que um coágulo causa.

Na figura abaixo, mostramos a imagem de tomografia computadorizada de um AVC isquêmico e de um AVC hemorrágico. Nota-se que o AVC isquêmico da foto é muito extenso.

Qual é a diferença de AVC para aneurisma?

Aneurisma é uma dilatação que ocorre numa artéria. Quando a artéria está no cérebro, o aneurisma é cerebral.

A dilatação da artéria deixa a parede do vaso mais fina e frágil, o que leva ao seu rompimento. O rompimento da artéria com aneurisma é uma causa de AVC hemorrágico.

O aneurisma cerebral tem altas taxas de mortalidade e de sequelas neurológicas nos pacientes que sobrevivem.

O que causa um AVC?

O AVC hemorrágico e o isquêmico têm causas distintas.

AVC hemorrágico

Os acidentes vasculares cerebrais hemorrágicos são menos comuns, mas muito mais prováveis ​​de serem fatais.

Eles ocorrem quando um vaso sanguíneo rompe no cérebro. O resultado é sangramento dentro do cérebro que pode ser difícil de parar. Então, o dano é tanto pele parada do fluxo de sangue com oxigênio quanto pela compressão que o sangue extravasado faz nos tecidos próximos.

As hemorragias cerebrais podem resultar de muitas condições que afetam os vasos sanguíneos. Fatores relacionados ao AVC hemorrágico incluem:

  • Pressão alta não controlada
  • Uso de anticoagulantes sem controle
  • Aneurismas nas artérias
  • Doenças que enfraquecem as paredes dos vasos sanguíneos (por exemplo: angiopatia amilóide cerebral)
  • AVC isquêmico levando à hemorragia

Uma causa menos comum de sangramento no cérebro é a ruptura de um emaranhado anormal de vasos sanguíneos de paredes finas (malformação arteriovenosa).

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AVC isquêmico

No AVC isquêmico um trombo (coágulo de sangue) obstrui um vaso sanguíneo dentro do cérebro e uma área fica sem irrigação sanguínea e, portanto, sem receber oxigênio. O coágulo pode desenvolver-se no local ou viajar através do sangue de qualquer parte do corpo (principalmente vindo das artérias Carótidas ou do coração).

Uma causa comum de acidente vascular cerebral é a aterosclerose – endurecimento das artérias.

Na aterosclerose, uma placa feita de gordura, colesterol, cálcio e outras substâncias se acumula nas artérias, deixando menos espaço para o sangue fluir. Um coágulo de sangue pode desenvolver-se neste espaço estreito e causar um acidente vascular cerebral isquêmico.

Níveis de colesterol elevados na corrente sanguínea favorecem esta condição.

Algumas pesquisas iniciais mostram que a infecção por COVID-19 pode ser uma possível causa de acidente vascular cerebral isquêmico, mas são necessários mais estudos.

Ataque isquêmico transitório

Um ataque isquêmico transitório acontece quando o fluxo sanguíneo é temporariamente obstruído, prejudicando momentaneamente uma parte do cérebro, causando sintomas como um acidente vascular cerebral isquêmico.

Quando o sangue flui novamente, os sintomas desaparecem, geralmente em menos de 24 horas.

Um ataque isquêmico transitório é um sinal de aviso de que um acidente vascular cerebral pode acontecer em breve.

Fatores de risco

Nos fatores de risco há condições de saúde que podem ser melhoradas ou até evitadas, fatores comportamentais que podem ser evitados e fatores constitucionais, que não podem ser controlado ou evitados, mas devem ser conhecidos para que a pessoa fique atenta.

Fatores de risco: condições de saúde

Certas condições crônicas aumentam o risco de acidente vascular cerebral. Essas incluem:avc

  • Pressão alta: níveis acima de 140/90 aumenta o risco de derrame 4 a 6 vezes.
  • Colesterol alto
  • Diabetes mellitus: aumenta o risco de derrame 2 a 4 vezes.
  • Obesidade: o excesso de peso sobrecarrega todo o sistema circulatório. Também aumenta a probabilidade de as pessoas terem colesterol alto, pressão alta e diabetes – tudo isso pode aumentar o risco de derrame.
  • Apneia obstrutiva do sono
  • Ter arritmia cardíaca, como fibrilação atrial, por exemplo. A fibrilação atrial aumenta o risco de AVC em até 6 vezes.
  • Covid-19
  • Hormônios: o uso de pílulas anticoncepcionais ou terapias hormonais que incluem estrogênio aumenta o risco.
  • AVC anterior ou ataque isquêmico transitório: a pessoa que já teve um derrame ou um ataque isquêmico transitório tem 25 a 40% de chance de ter outro derrame nos próximos 5 anos.

Tomar medidas para controlar estas condições pode reduzir o risco.

Fatores de risco: comportamento

Certos comportamentos também aumentam o risco de acidente vascular cerebral:

  • Fumar ou estar exposto ao fumo passivo: fumar dobra o risco de derrame.
  • Sedentarismo: pouca atividade física
  • Alcoolismo: beber mais de 2 drinques por dia pode aumentar o risco de derrame em 50%.
  • Alimentação com muita gordura, sal e açúcar
  • Uso de drogas ilícitas: certas drogas, como cocaína e metanfetamina, são fatores de risco para um AIT ou derrame.

Fatores de risco: constitucionais

Alguns fatores de risco para o desenvolvimento de um derrame estão além do controle:

  • Envelhecer: depois dos 55 anos, o risco de AVC dobra a cada década.
  • Ter história familiar de casos de AVCs
  • Ser do sexo masculino: os homens são mais propensos a ter um AVC. No entanto, mais mortes por acidente vascular cerebral ocorrem em mulheres
  • Etnia: afrodescendentes estão em maior risco em comparação com pessoas de outras etnias

Sinais e sintomas do acidente vascular cerebral

Os sinais e sintomas de um AVC podem incluir:

  • Adormecimento, formigamento ou fraqueza repentina do braço ou da perna (ou ambos), especialmente em um lado;
  • Mudanças repentinas de visão em um ou em ambos os olhos, como visão turva ou diplopia (quando a pessoa enxerga dobrado), ou dificuldade em engolir;
  • Dor de cabeça súbita e severa com causa desconhecida;
  • Problemas repentinos com tonturas, dificuldade para andar ou perda do equilíbrio;
  • Confusão repentina, dificuldade em falar ou compreender os outros.

Quais os sinais de alerta do AVC?

Nos Estados Unidos divulga-se um teste fácil de realizar e que podemos aprender e fazer.

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Teste para AVC: sorria, mexa os braços e fale

Em inglês, este teste é conhecido como FAST (Face=rosto; Arms=braços; Speech=fala; Time=tempo)

O teste FAST ajuda a detectar sinais e sintomas de acidente vascular cerebral:

  • Face=rosto: Peça um sorriso. Será que um lado está diferente do outro?
  • Arms=braços: Peça para a pessoa levantar ambos os braços. Será que um lado desce para baixo antes do outro?
  • Speech=fala: A pessoa pode repetir uma frase simples? Será que a fala parece estranha?
  • Time=tempo: O tempo é fundamental. Se este teste mostrar a possibilidade de a pessoa estar tendo um derrame, leve-a urgentemente ao hospital ou posto de saúde.

Avc; acidente vascular cerebral ou derrame: o que você deve saber

A importância do TEMPO no AVC

Cada segundo conta quando a pessoa está sofrendo um acidente vascular cerebral.

Quando privado de oxigênio, as células cerebrais começam a morrer em poucos minutos.

Quando o AVC é isquêmico (por bloqueio no vaso), existem medicamentos que podem dissolver o coágulo e reduzir os danos cerebrais, mas eles precisam ser usados ​​dentro de três horas – até 4,5 horas em algumas pessoas – dos sintomas iniciais de acidente vascular cerebral.

Uma vez que o tecido cerebral tenha morrido, as partes do corpo controladas por essa área não vão funcionar corretamente. É por isso que o acidente vascular cerebral é uma das principais causas de incapacidade de longo prazo.

Diagnóstico do acidente vascular cerebral

Quando alguém com sintomas de acidente vascular cerebral chega ao hospital, o primeiro passo é determinar que tipo de AVC está ocorrendo.

AVC isquêmico e AVC hemorrágico são tratados de maneira distinta.

Tomografia computadorizada

A tomografia computadorizada pode ajudar a determinar se os sintomas são provenientes de um vaso sanguíneo bloqueado (AVC isquêmico) ou um vaso sangrando (AVC hemorrágico). Esse exame deve ser realizado imediatamente quando a pessoa chega ao hospital, quando apresentando sinais e sintomas de um derrame.

Avc – acidente vascular cerebral ou derrame: o que você deve saber

Outros exames são realizados com o fim de determinar a causa ou de conhecer a extensão dos danos, como os a seguir:

  • Ressonância magnética: pode detectar o tecido cerebral danificado por um derrame isquêmico e hemorragias cerebrais. Pode-se injetar um líquido contraste em um vaso sanguíneo para visualizar as artérias e veias e destacar o fluxo sanguíneo (angiografia por ressonância magnética ou venografia por ressonância magnética).
  • Ultra-som da carótida: este exame mostra o acúmulo de depósitos de gordura (placas) e o fluxo sanguíneo nas artérias carótidas.
  • Angiografia cerebral: raramente usado, o médico insere um tubo fino e flexível (cateter) por meio de uma pequena incisão, geralmente na virilha, e o guia pelas artérias principais até a artéria carótida ou vertebral. Em seguida, o médico injeta um contraste nos vasos sanguíneos para torná-los visíveis em imagens de raios-X. Este procedimento fornece uma visão detalhada das artérias do cérebro e do pescoço.
  • Ecocardiograma: este exame avalia se a fonte de coágulos é o coração.
  • Doppler de carótidas: neste exame, verifica-se se as artérias carótida apresentam obstrução.

Tratamento

O tratamento de emergência para derrame depende se o AVC é isquêmico ou hemorrágico.

AVC isquêmico

Para tratar um derrame isquêmico, os médicos devem restaurar rapidamente o fluxo sanguíneo para o cérebro.

Quanto mais cedo esses medicamentos forem administrados, melhor. O tratamento rápido não só aumenta suas chances de sobrevivência, mas também pode reduzir complicações.

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Até 3 horas do início dos sintomas, pode-se tentar dissolver o trombo com um medicamento trombolítico. A base do tratamento é o ativador do plasminogênio tecidual intravenoso (IV-rtPA), também chamado de alteplase.

Alguns pacientes podem não ser candidatos a este tratamento devido a outros problemas de coagulação do sangue, cirurgia recente ou outros motivos.

Às vezes, o trombolítico pode ser administrado até 4,5 horas após o início dos sintomas de AVC.

Este tratamento também nem sempre é eficaz. Nestes casos e em pacientes com até 8 horas, tenta-se, então, desobstruir a artéria para abrir o bloqueio com outras técnicas invasivas.

AVC hemorrágico

O tratamento de emergência do AVC hemorrágico se concentra no controle do sangramento e na redução da pressão no cérebro causada pelo coágulo formado. A cirurgia é uma opção.

Sequelas do derrame

Um derrame pode causar incapacidades temporárias ou permanentes, dependendo de quanto tempo o cérebro ficou sem fluxo sanguíneo, da extensão e de qual parte foi afetada. As complicações podem incluir:

  • Paralisia ou perda de movimento muscular. A pessoa pode ficar com o corpo paralisado ou com menor força em um lado.
  • Dificuldade em falar ou engolir. Um AVC pode afetar o controle dos músculos da boca e da garganta, tornando difícil falar claramente, engolir ou comer.
  • Dificuldade na comunicação. A pessoa também pode ter dificuldade com a linguagem, incluindo se expressar através da fala ou entender a fala, ler ou escrever.
  • Perda de memória ou dificuldades de pensamento. Muitas pessoas que sofreram derrame apresentam alguma perda de memória. Outros podem ter dificuldade em pensar, raciocinar, fazer julgamentos e compreender conceitos.
  • Problemas emocionais. Pessoas que sofreram derrame podem ter mais dificuldade em controlar suas emoções ou podem desenvolver depressão.
  • Dor. Dor, dormência ou outras sensações incomuns podem ocorrer nas partes do corpo afetadas pelo derrame.
  • Mudanças de comportamento e capacidade de autocuidado. Pessoas que tiveram derrames podem ficar mais retraídas. Eles podem precisar de ajuda com a higiene e as tarefas diárias.

Para a recuperação, a terapia envolve fonoaudiólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e psicólogos.

O que se pode fazer para evitar o AVC?

Para a pessoa que teve um acidente vascular cerebral, a prevenção de um segundo acidente vascular cerebral é uma prioridade. O risco de um novo acidente vascular cerebral é dez vezes maior em alguém que teve um acidente vascular cerebral no passado.

A prevenção de um segundo acidente vascular cerebral começa por abordar as condições que causaram o primeiro acidente vascular cerebral.

E para quem nunca teve, a orientação é a mesma:

Avc – acidente vascular cerebral ou derrame: o que você deve saber

  • Parar de fumar.
  • Manter atividade física e manter um peso saudável.
  • Limitar o consumo de álcool e sal.
  • Alimentar-se de modo mais saudável com mais legumes, peixe e grãos integrais. Evitar gordura e açúcar.
  • Manter a pressão arterial, os níveis de colesterol no sangue e o diabetes mellitus sob controle.
  • Tratar a apneia obstrutiva do sono.
  • Tratar arritmias cardíacas
  • Evitar drogas ilícitas, principalmente cocaína e metanfetamina.
  • Reduzir o sal na alimentação a não mais de 2 gramas por dia (cerca de meia colher de chá).
  • Fazer atividade física – pelo menos 30 minutos de atividade por dia.

A idade torna a pessoa mais suscetível a ter um acidente vascular cerebral, assim como ter uma mãe, pai ou outro parente próximo que teve um AVC.

Não é possível deixar de envelhecer ou mudar a família, mas há outros fatores de risco para um acidente vascular cerebral que a pessoa pode controlar, desde que esteja ciente deles.

Referências

O que É asma: causas, sintomas e tratamento